martes, 12 de diciembre de 2023

O FIM ... OU ... O PRINCÍPIO ?! - jorge peres - 81

 




                            O FIM … OU O PRINCÍPIO …



    Fechei um dos olhos … com o outro tentei alinhar a pistola com o alvo de papel que colei numa árvore …

    Pressionei o gatilho … um estrondo inundou todo o vale …

    Caramba ! Tanto barulho ?!!? Se a arma tinha adaptado um silenciador … … nos filmes quase não se ouviam os disparos silenciados  … senti-me enganado …

    Vocês se estarão perguntando … porque comprei eu , uma arma … e não uma pistola qualquer … é uma GLOCK G 17 GEN 5 … tranquilos … não a comprei … roubei-a … exactamente como estão a ler …

    E, estarão murmurando … este indivíduo está “como um louco” …

    Bem … deixemos os pobres loucos em paz … estou louco … sim, sim … já o tenho assumido …

    Decidi dar rédas soltas à minha loucura … sei que não durarei muito … mas vou-me soltar …

    Dado que o som excedia o que eu esperava … decidi não continuar …

    Voltei ao carro --- um BMW Z10 … também roubado, claro está … acelerei …

    À saída de CASTELO BRANCO um automóvel estava parado num local a que chamavam … o CHAFARIZ DA GRANJA …

    O condutor, com a janela aberta, falava pelo telemóvel …

    Paro ao seu lado … em poucos segundos dá-se conta e olha para mim … sorriu-lhe …

    --- Bons dias ! --- digo-lhe …

    Faz um movimento de cabeça … como que respondendo …

    Rapidamente levanto o braço direito … o que tem a arma … disparo …

    Tentou, instintivamente, defender-se abrindo a mão …

    O projectil trespassou-lhe a palma … entrou-lhe na cabeça, um pouco acima do olho esquerdo …

    Meto a primeira e acelero, antes do condutor cair para a frente fazendo soar a buzina …

    Que sensação … senti a adrenalina percorrer-me todo o corpo …

    Já iam dois disparos … a pistola leva 16 balas no carregador e uma na câmera … tenho para mais 15 … contas fáceis de fazer …

    Descendo pela estrada … sem capota … o vento bate-me no rosto … vejo um grupo de casas … conheço o sítio … RIBEIRO DA SETA …

    Levanto o pé do acelerador … tudo está tranquilo …

    Páro um pouco antes de uma pequena ponte … saio e olho para baixo … vejo um vulto de um homem … rodeado de ovelhas …

    Ponho a pistola atrás, entre as calças … aproximo-me …

    --- Bons dias !

    --- Olá … posso ser-lhe de utilidades ?!

    --- Sim ! --- tiro a arma e aponto a um dos animais --- apetece-me matar a uma ovelha …

    O homem olhou assustado para a minha mão armada …

    --- Calma, senhor !! … são animais … são seres vivos … essa a que o senhor aponta chama-se Esmeralda …

    --- Tem nome ?!!? --- sinceramente surpreendeu-me …

    --- Todas têm nome … por favor senhor … uma ovelha mata-se para comer … não por prazer …

    Olho mais atentamente o animal … se vê que é muito jovem … não terá mais que uns meses …

    Sei que não tenho coragem para matar um bichito assim tão terno …

    Por isso levanto a arma e, sem apontar sequer, disparo … duas vezes …

    Uma das balas deu-lhe no ombro … a segunda no pescoço …

    O homem foi projectado para trás … caiu no meio das ovelhas … levou uma das mãos á ferida numa tentativa de evitar a saída do sangue … algo impossível … tinha a veia jugular perfurada … em poucos segundos deixou de respirar …

    Não posso evitar um grito de guerra … acaricío com ternura a cabeça do animal a quem à pouco queria disparar … volto ao carro … acelero …

    Depois de TABERNA SECA há uma praia fluvial … o meu pai levava-me aí quando eu era pequeno … quero molhar os pés ...não por calor … estamos em novembro … mas para manter a tradição …

    Depois da aldeia, a estrada começa a descer pronunciadamente …

    Paro antes da grande ponte … saio … respiro fundo … cheira a eucalipto … aproximo-me e olho para baixo … dois homens estão pescando no rio OCREZA … um afluente do rio espanhol TEJO …

    Perfeito … conheço uma vereda que me leva a eles … é rápido …

    --- Bons dias ! --- cumprimento-os com a mão aberta … eles retribuem o gesto --- como vai a pesca ?!

    --- Hoje não está mal … em hora e meia já temos 5 achigans e três barbos …

    --- Que bem … --- saco o revólver e disparo na sua direcção … acerto-lhe em pleno peito …

    O homem deixou escapar um grito seco e, como nos filmes, caiu de costas, no rio, com os braços abertos …

    Uauuu !! Outra descarga de adrenalina …

    Procuro o outro homem … mas não está … levanto a cabeça … fugiu … vejo-o a uns 100 metros subindo o monte …

    Corro na sua direcção … mas a areia e as pedras tornam-me mais lento …

    A uns 30 metros, disparo … mas está muito longe … não acerto … continuo a correr …

    Estou cansado … mas há um momento de sorte para mim … o homem tropeça e cai … enquanto volta a levantar-se aproximo-me … disparo de novo … dou-lhe numa perna … um pouco acima do joelho … volta a cair … já não se levanta … grita de dor …

    Avanço lentamente para ele … cada vez grita mais … de dor … de pânico …

    Peço-lhe que se cale … ainda aumenta mais o volume …

    Ponho o cano da pistola na sua testa … exactamente entre os olhos … muito abertos … disparo … silêncio …

    A cabeça abre-se-lhe por trás … pedaços de cérebro salpicam-me …

    Que estranho … desta vez não senti a energia subir-me pela coluna vertebral … não foi agradável …

    Olho para ele … caído … passo-lhe a mão e fecho-lhe os olhos … um pouco de humanidade …

    Dou meia volta e volto ao carro …

    Antes de chegar ao caminho de subida, olho o corpo do primeiro homem a quem disparei … agora está de boca para baixo com a cara debaixo de água …

    Molho os pés, sem tirar os sapatos …

    Antes de chegar acima sinto movimento …

    Escondo-me entre o mato … tento fazer o ponto da minha situação …

    Um carro da polícia está parado ao lado do que eu roubei … há dois homens de uniforme, olhando em todas as direcções … se fixam no rio … dão-se conta do corpo flutuando …

    Tenho dúvidas sobre o que fazer … para chegar ao rio têm que passar por mim ,,,

    O último disparo mudou algo em mim … de repente … disparar … já não me faz sentir tão … vivo … …

    Levanto-me … um dos policias vê-me … empunha a sua arma regulamentar e aponta na minha direcção …

    --- Largue a arma … ponha as mãos onde as possa ver … senhor …

    Disparo-lhe … ele também dispara …

    Sinto o projétil passar muito perto da minha orelha direita … ele permanece de pé … parado … depois cai … primeiro e joelhos … depois para a frente ….

    Aproximo-me … coloco o cano da pistola na base da sua cabeça … por detrás … disparo de novo …

    Então penso … eram dois … esqueci-me completamente do segundo polícia …

    Olho os carros … ele estava mesmo à minha frente … máximo quatro metros …

    Levanto a arma … oiço três disparos … nenhum meu …

    Sinto uma pressão no peito … passo a mão e vejo-a cheia de sangue …

    Olho para baixo … tenho dois impactos na zona do coração e um no baixo ventre …

    Reconheço a gravidade … qualquer deles assina o meu final …

    Olho para o segundo agente … continua a apontar-me a sua arma … mas também ele sabe que não necessita voltar a disparar …

    Tento sentar-me … mas caio lateralmente …

    A cara do homem revela raiva … ódio …

    Finalmente se acaba tudo … a cor do uniforme começa a desaparecer … agora, tudo à minha volta é a preto e branco …

    É o fim … ou … o princípio ?!!?


                                                    FIM



lunes, 30 de octubre de 2023

LOS AMIGOS DE ALBA - jorge peres - 80

 

                                    OS AMIGOS DE ALBA !



    O silêncio reinava naquele quarto …

    Na cama de cima, de um beliche de madeira, uma menina de nove anos, dormia tranquilamente … é ALBA … e está muito bem acompanhada pelos seus amigos …

    Aproveito para fazer as devidas apresentações …



         -- GATITO – o eleito --- o mais velho de todos … chegou à vida da menina quando ela não tinha mais do que um ano de idade … dormia ao seu lado … todas as noites …




         -- SIREGATA – a tímida --- muito introvertida … uma mistura de gata e sereia … é muito simpática, ainda que não fale muito …



         -- JEFE – o manda chuva --- o mais conflituoso de todos … considera-se o mais esperto de todos … implica com especial incidência com GATITO …



         -- UNICORNI – o amigável --- positivo por natureza … sempre deitando água no fogo … sempre tentando que todos se deem bem …



         -- FOQUITA – a invisível --- se SIREGATA fala pouco, esta não fala nada … um problema grave nas cordas vocais fez com que ela ficasse totalmente muda … era, literalmente, invisível no meio do grupo …



         -- CONEJITO – o corre mundos --- intrinsecamente elétrico … não pára um segundo … sempre movendo-se para um e outro lado … parece que não se cansa … nunca …



        -- GORJUSS – a justiceira --- séria … meio reservada … a mais ponderada de todos … a ela recorrem para solucionar os conflitos … é ouvida … respeitada …


    Aparentemente, só são peluches … mas … poucos sabem … quando se fecha a porta do quarto … os bonecos … ganham vida … …


        Aquela noite parecia ser diferente das demais … tranquila … reparadora …

    Foi CONEJITO … a quem nem a noite parava … quem deu a voz de alarme …

    --- Companheiros ! Companheiros ! Acordem !!!

    Pouco a pouco todos se foram aproximando …

    No chão estava GATITO … não se mexia …

    --- Que aconteceu ?!!? --- UNICORNI ajoelhou-se ao pé do corpo --- GATITO ! GATITO ! Acorda !!!

    Mas … continuava imóbil …

    SIREGATA soltou um grito …

    --- Está morto !!

    Instintivamente, todos olharam para JEFE …

    --- O que se passa ?! Porque olham para mim ?!!?

    --- Esta tarde discutiste com ele --- CONEJITO olhava-o com ar acusatório … --- Também discuti contigo … e aí estás … correndo de uma lado para o outro … como um tonto !!!

    --- A quem estás a chamar “tonto” … imbecil ?!!

--- Calma … os dois … --- UNICORNI, como sempre, tentava tranquilizar o ambiente …




        -- GORJUSS – a justiceira --- séria … meio reservada … a mais ponderada de todos … a ela recorrem para solucionar os conflitos … é ouvida … respeitada …


        Aparentemente, só são peluches … mas … poucos sabem … quando se fecha a porta do quarto … os bonecos … ganham vida … …


        Aquela noite parecia ser diferente das demais … tranquila … reparadora …

        Foi CONEJITO … a quem nem a noite parava … quem deu a voz de alarme …

        --- Companheiros ! Companheiros ! Acordem !!!

        Pouco a pouco todos se foram aproximando …

        No chão estava GATITO … não se mexia …

        --- Que aconteceu ?!!? --- UNICORNI ajoelhou-se ao pé do corpo --- GATITO ! GATITO ! Acorda !!!

        Mas … continuava imóbil …

        SIREGATA soltou um grito …

        --- Está morto !!

        Instintivamente, todos olharam para JEFE …

          --- O que se passa ?! Porque olham para mim ?!!?

        --- Esta tarde discutiste com ele --- CONEJITO olhava-o com ar acusatório … --- Também discuti contigo … e aí estás … correndo de uma lado para o outro … como um tonto !!!

        --- A quem estás a chamar “tonto” … imbecil ?!!

        --- Calma … os dois … --- UNICORNI, como sempre, tentava tranquilizar o ambiente …




        Mas agora, a situação era diferente … todos a olhavam enquanto ela abria a janela … para baixo … 13 andares … em queda livre …

        --- Parem ! --- a voz firme e segura de GORJUSS fez voltar o silêncio --- O que estão a fazer ?!

        --- JEFE matou a GATITO ! --- CONEJITO … continuava a pressionar …

        --- Têm provas ?!!? Algum de vocês viu o acto ?!!? --- todos olharam para o chão … ninguém respondeu --- E tu, ALBA ?! O que pensas de tudo isto ?!!?

        Mas ALBA, chorando e muito triste, também não respondeu … continuava a olhar para o peluche …

        GORJUSS aproximou-se de JEFE …

        --- E tu ?!!? Não dizes nada ?!!? Mataste a GATITO ?!!?

        --- Não! Estava a dormir ! Foi CONEJITO quem me acordou … gritando … mais ! Ele era o único que estava acordado … poderia tê-lo morto ele … !!

        --- Calma, companheiros ! … De nada nos serve repartir acusações … --- UNICORNI sempre tentava baixar os ânimos …

        FOQUITA aproximou-se de ALBA … abraçou-a … se lhe via um ar triste … a ela, GATITO caia-lhe muito bem …

        --- A verdade é que não podemos determinar, com certeza, quem o matou … aqui não há câmaras … a única solução é que o culpado confesse …

        Deu um passo e colocou-se em frente de SIREGATA … depois de uns breves instantes … reagiu …

        --- Quem ?! Eu ?!!? Eu não tinha nada contra GATITO … todos sabem que nos dávamos bem …

        Com muita tranquilidade GORJUSS deu um pequeno passo … parou em frente de JEFE …

        --- Já disse !! Eu não o matei !

        Um a um, GORJUSS enfrentava os presentes … um a um … era a vez de UNICORNI …

        --- Não ! Não fui eu ! Claro que não !

        FOQUITA continuava abraçada com ALBA … e CONEJITO, como sempre, saltava de um lado para o outro …

        --- Pára … CONEJITO ! … Assim mais pareces um culpado !

        O peluche parou de repente …

        --- GORJUSS … eu não poderia matar a ninguém …

        Não aguentando mais, ALBA apanhou o corpo de GATITO e abraçou-o nos seus braços ….

        Então … para surpresa de todos … GATITO abriu os olhos …

        --- O que se passa ?!!? Porque olhais assim todos para mim ?!!?

        --- GATITO ! GATITO ! Estás vivo !?! --- ALBA gritava de alegria …

     --- Claro que estou vivo ! Porque não ?!!? Estava dormindo profundamente !

        ALBA apertava-o carinhosamente …




        --- Penso que devem, todos, um pedido de desculpas a JEFE … todos ! --- GORJUSS falava num tom sério …

        UNICORNI foi o primeiro …

        --- Desculpa JEFE … no fundo eu sabia que não podias ser tu …

        --- Perdão, JEFE, não tenho palavras --- SIREGATA tinha uma voz envergonhada …

        --- Desta vez és inocente … mas isso não limpa as vezes que te portaste mal comigo … --- CONEJITO estava ressentido …

        ALBA fez um sinal a JEFE, convidando-o a sentar-se nos seus joelhos …

        Ele aceitou sem pensar duas vezes …

        ---- Talvez eu tenha sido injusta contigo … com todos vocês … GATITO acompanha-me desde sempre, dorme comigo todas as noites … por isso o chamais de “O ELEITO” … pois … a partir de hoje, um de vocês me acompanhará … a mim e a GATITO … faremos uma escala … esta noite vais a ser tu, JEFE … estás de acordo ?!1

        --- Claro que sim, ALBA …

        A menina subiu à sua cama.

        --- Vem ! Sobe !

        Pouco depois, ALBA voltava a dormir … desta vez com dois peluches … um de cada lado…

        --- Cuidado ! Vem alguém ! --- sussurrou CONEJITO …

        Muito lentamente a porta do quarto foi-se abrindo.

        Fazendo o mínimo barulho possível, a mãe de ALBA entrou … confirmou que a sua filha dormia … olhou o chão … os peluches estavam todos aí … todos menos dois …

        A CONEJITO e a FOQUITA, deixou-os na pequena mesa de trabalho de ALBA … a UNICORNI, devolveu-o à estante … a SIREGATA e a GORJUSS o destino foi a caixa de brinquedos …

        Fechou a janela … da mesma maneira silenciosa como entrou … assim saiu do quarto …

        ALBA dormia … 

                                        ALBA … e os seus amigos …



                                                            fim


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O FIM ... OU ... O PRINCÍPIO ?! - jorge peres - 81

                                  O FIM … OU O PRINCÍPIO …      Fechei um dos olhos … com o outro tentei alinhar a pistola c...