lunes, 19 de diciembre de 2022

PITCHIM ... a borboleta livre ... - jorge peres

 


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.              PITCHIM … A BORBOLETA LIVRE …


Mas … mamä …

Nem mamä nem meia mamä … a minha resposta é um rotundo “näo” !

Mas … mamä … sou tua filha … já tenho 12 anos …

E eu sou a tua mäe … e tenho 51.

Vá lá … mamä …

Acabou-se a discussäo … vai já para o teu quarto aclarar as ideias … näo me quero zangar-me contigo …

    Alba deu meia volta bruscamente e dirigiu-se ao seu refugio … a meio do corredor ainda ouviu a voz da mäe:

E nem penses em bater com a porta ou terás um castigo …

    Era exactamente o que a ela lhe apetecia fazer … mas entrou e fechou a porta … devagarinho …

    Estava nervosa … muito decepcionada com a mäe …

    Tinha-lhe contado que gostaria de fazer uma tatuagem … uma pequena borboleta … mas a sua mäe näo lhe permitiu nem entrar em detalhes …

    Näo lhe chegou a contar que lhe tinham apresentado León, um tatuador, e que tinha combinado com ele ir visitar o seu estúdio nessa tarde … agora … já náo sabia o que fazer … a mäe foi muito dura … um “näo” do tamanho de uma casa …

    Com a idade que tinha, Alba já se sentia muito grande … quase uma adulta … a sua mäe travava-a … cortava-lhe os pés … sentia-se uma prisioneira … os seus pais querian que ela fosse uma boneca telecomandada … ?

    Uns 15 minutos depois já tinha uma tomado decisäo … iria a esse encontro … faria a tatuagem … depois … que a mäe se zangasse … já näo ia poder fazer nada … de certeza que a iria castigar … sem televisäo … sem telemóvel … uma semana … duas semanas … um preço aceitavel para o que iria conseguir …

    Nessa tarde, antes de tocar a campainha do estudio de León, parou … respirou fundo … a decisäo parecia mais facil dentro das quatro paredes do seu quarto … agora já tinha algumas duvidas … era a primeira vez que se iria confrontar com a sua mäe … já näo se sentia táo segura … bem … melhor voltar a casa …

    Deu meia volta, no exacto momento em que se abria a porta e aparecia León.

Olá Alba. Que pontual … Vem.

    Alba entrou de maneira quase automatica.

Olha estes catálogos … tinhas-me dito que gostarias de por uma borboleta, certo?

Sim …

Pois aí tens uns 20 desenhos de borboletas … escolhe a que gostares mais … eu vou preparando as tintas.

    Foi pasando páginas … já näo tinha maneira de voltar atrás … apetecia-lhe sair dali a correr … mas seria uma vergonha …

    Na parte de cima de uma das folhas uma borboleta, com cores douradas e azuis, chamou a sua atençäo …

    Atento, León notou …

Encontraste?!

Sim. Esta.

Uaauuu!! Que escolha interessante … essa é uma borboleta Morpho …

    A cara de Alba evidenciava o total desconhecimento do tema.

É uma borboleta muito bela que só se encontra na America do Sul … na Bolivia, o meu país, vêem-se muitas …

    Como Alba seguia com uma cara inexpressiva, León tentou amenizar o ambiente …

Dizem que säo rencarnaçöes de Vénus.

O planeta ?!

Näaao!!! A deusa … é uma borboleta máaaagicaaaa!

Alba sorriu …

Pois … gosto muito … quero essa.

    A consciencia de Alba estava cada vez mais pesada …

Já sabes onde a queres ?

Onde a minha mäe näo a encontre …

Ok. Compreendo … e se apusermos no braço direito … mais ou menos onde te däo as vacinas? Assim poderás tapa-la com a roupa.

Boa ideia.

    Em poucos minutos estava já León em plena actividade.

    Alba mordia os labios … ninguem lhe tinha dito que ia a doer … e muito … mas fez-se de forte …

    León olhava-a … tentava distrai-la …

Doi-te muito?

    Alba näo respondeu … só mexeu a cabeça afirmativamente.

Queres uma pastilha?

Tenho as minhas.

Ok. Pöe uma pastilha na boca … morde quando sentires que a dor se torna mais intensa … terminaremos em menos de uma hora …

    Agora sim … Alba estava totalmente arrependida … como gostaria que estivesse a sua mäe agora mesmo ao seu lado, segurando-lhe a mäo … por que näo a tinha ouvido?

    Num dado momento, uma lágrima rebelde escorreu pela sua cara … León foi carinhoso com ella …

Tranquila, Alba … estamos já a terminar …

    O tempo passou muito lento para ela … quase duas horas depois de ter entrado naquele estudio … saía .. com o braço bem dorido …

    León tinha-lhe tapado a tatuagem … deveria mante-la assim durante dois dias … depois teria de voltar para ver se estava tudo bem.

    Ao chegar a casa subiu directamente para o seu quarto … näo queria falar com ninguém.


                                -------//-------


    A curiosidade de ver o resultado final era täo grande que pouco mais de 24 horas depois daquela “tortura” voluntaria, Alba decidiu tirar a ligadura … olhou-se ao espelho … que lindo …

    Uma bela borboleta parecia brilhar na parte de cima do seu braço direito … maravilhosa … era como se estivesse viva …

    Mais tarde, no colegio sentiu vontade de tirar a roupa … para que todos pudessem admirar a sua borboleta … tinha que por-lhe um nome … iria chamar-lhe … Pitchim … quando era muito pequena tinha um peluche com esse nome …

    Já era a segunda noite que passava com o seu Pitchim no braço … esperava dormir um pouco melhor … na primeira sentiu umas dores incomodas …

    Efectivamente … as dores quase tinham desaparecido.

Alba! … Alba !!

    Quem a chamava? Sentou-se na cama … olhou o relogio … 03.33h … quem seria áquela hora?!

    Acendeu a luz … mas o quarto estava vazio … a janela estava fechada … ainda para mais vivia no 13º andar … por alí náo entraria ninguem …

    Sem fazer barulho abriu muito devagar a porta … o corredor estava silencioso … o quarto dos seus pais estava fechado … ninguem …

    Voltou para a cama … e poucos minutos depois …

Alba! … Aaaalbaaa!

    A voz vinha de muito perto … parecia estar dentro da cama …

Quem és tu ?!

Sou eu.

Eu, quem ?! Näo vejo ninguém.

Sou Pitchim … que raio de nome me deste … näo mereço melhor ?!!!!

Que dizes ?! — Alba ia acender de novo a luz.

Näo. Näo acendas a luz … tira o pijama … olha o teu braço …

    Alba rapidamente tirou o braço direito do pijama …

    Uaaau! A sua borboleta cintilava de luz e cor …

Ves como sou eu ?!!!

Mas … näo pode ser … é impossivel …

Näo acreditas em mim ?! Posso pressionar aquí um pouco.

Näo !!! Näo faças isso que ainda me doi …

Claro que te doi … é uma tatuagem … uma tatuagem verdadeira … näo essas decalcaveis que usavas quando eras mais pequena …

E como podes falar conmigo?!

Näo te disse León que sou especial ?!!!

Sim. Algo me disse a esse respeito …

Tambem näo acreditas-te nele …

Näo muito, verdade …

Normalmente näo costumo falar … mas contigo sim … devo manifestar o meu aborrecimento … o meu protesto …

Estás zangada?!

Sim.

Comigo ?!!

Sim.

Porquê ?!

Vamos lá ver … sou uma borboleta real … sou Vénus … Afrodite … sou bela … esplendorosa … mítica … e tens-me sequestrada ?!!!

Eu ?!!!? Como é isso ?!!!

Eu preciso ar … oxigénio … que me vejam … que me adorem … e tu tens-me sempre tapada ?!!!! … Eu queria ser livre … estar á vista de todos … …

Näo posso, Pitchim.

Porque näo?! Näo estás orgulhosa da tua tatuagem ?

Näo.

O quééé ?!!!!!!!

Näo é por ti … para te ter aí desobedeci a minha mäe … jamais o tinha feito com algo täo definitivo … já me arrependi … mas já näo posso voltar atrás no tempo …

Vamos a ver … e como vais tu contra o que te disse a tua mäe ?!!!

Porque eu queria muito fazer uma tatuagem e ela näo me deixava …

Devemos ouvir sempre as mäes …

Sim … mas a minha sempre está contra mim …

Já pensaste que a tua mäe só queria defender-te … proteger-te … ?!!!!

Talvez.

É verdade. Doeu-te?

Sim.

Arrependeste-te ?

Sim.

Pois tudo isso foi o que tentou evitar a tua mäe … porque te quer bem … porque te ama …

Tens razäo … — os olhos de Alba encheram-se de lagrimas … sinceras … arrependidas …

    A borboleta continuava a cintilar …

Náo chores, Alba … olha! … quero que me prometas que nunca mais voltarás a desobedecer a tua mäe.

Sim. Prometo. Assim farei … mas isto já näo tem soluçäo … a minha mäe acabará por ver a tatuagem e ficará muito decepcionada comigo … muito triste … e com razäo — agora Alba soluçava, sentada na sua cama …

Tranquila, Alba … deita-te … deves dormir um pouco.

    Inconscientemente Alba colocou-se na posiçäo horizontal.

    Adormeceu imediatamente … sem compreender bem como, começou a sonhar … mas … o sonho era a continuaçäo da conversa com a sua borboleta.

O teu arrependimento é verdadeiro … e eu sou uma borboleta mágica … vou-te ajudar.

Como ?! Já nada se pode fazer.

Esqueces-te de que estamos num sonho … aquí tudo é possivel.

    Inesperadamente a borboleta saltou do braço e começou a voar pelo quarto …

Como és bonita.

Obrigada, Alba … tu tambem o és … o teu coraçäo é branco como o teu nome …

Obrigada.

Lembra-te que me fizeste uma promessa … näo me faças voltar …

Cumprirei a minha promessa.

Isso mesmo. Agora faz-me um favor.

Diz-me.

Abre a janela … deixa-me seguir livre o meu destino.

Claro que sim — levantou-se e girou o trinco da janela.

Adeus Pitchim.

Adeus Alba … e, se um dia, quando fores mais velha, decidires fazer uma tatuagem … por favor … näo lhe ponhaa o nome de Pitchim … é muito feio …

    Alba sorriu e ficou a ver como aquela pequena borboleta se afastava … em pouco tempo näo era mais que um ponto brilhante … um mais entre as estrelas … depois voltou para a cama.


                                ---------//---------


    Despertou com o sol a dar-lhe na cara,

A primeira coisa que fez foi olhar para o braço estava limpo … sem qualquer dor … e … o sonho ?!!!

Alba! Vamos filha … tomar o pequeño almoço … näo quero que chegues tarde.

Mamä … espera um pouco.

    A mäe voltou atrás e olhou-a curiosa.

    Alba saltou da cama e correu a abraça-la.

Gosto muito de ti, mamä … desculpa ter discutido contigo …

    A mäe, comovida, devolveu-lhe o abraço … deu-lhe um beijo carinhoso na testa.

Vamos, filhota … veste-te … eu também gosto muito de ti …

    Alba sorriu aliviada olhando a máe que saía do quarto … a janela ainda estava entreaberta … por ali saíra Pitchim … a borboleta livre …


                                fim (quase)



    Esta é uma historia escrita e dedicada exclusivamente para a minha pequena filha Alba … com sete anos gosta muito de tatuagens de agua … principalmente de borboletas … a historia vai encontrar uma menina tambem chamada Alba, mas com 12 anos … ah! E as borboletas Morpho existem … säo douradas e azuis … e muito bonitas …

    Un grande beijinho, Alba … ouve sempre com atençäo o que te diz a tua mäe … na vida real, nem todas as borboletas säo mágicas.


                                    Fim ( total )


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sábado, 10 de diciembre de 2022

A JANELA OCULTA - jorge peres -

 


                            A JANELA OCULTA


    Sentado em frente a uma mesa, Jorge olhava os muitos papeis espalhados.

    Aproximava-se o veräo … vinham as ferias …

    Sempre tirava o mes de agosto … e sempre ia, com toda a familia, para a praia … Nazaré … Figueira da Foz … Säo Pedro do Estoril … Caparica … Faro … Monte Gordo … alguns anos passavam a fronteira … Matalascañas … Cadiz … Benidorm …

    O problema é que, económicamente, este ano estava a coisa particularmente complicada.

    Foi a pandemia … depois a mudança de emprego … o despedimento de Maria, sua esposa … tudo muito complicado …

    Este ano estavam quase em numeros vermelhos … teria que pensar num plano “B” …

Navegando entre papeis e numeros ?!

    Maria tinha-se aproximado silenciosamente.

Estou a tentar planificar as nossas ferias … mas isto está complicado …

Ficaremos em casa … sem problema.

Tentarei encontrar uma soluçäo — pelos miudos … e também por ti e por mim … sempre é bom mudar de ares … pelo menos uma vez por ano …

Sei que encontrarás uma maneira … conheço o meu marido … sai ao seu pai …

    Deu-lhe um beijo carinhoso na face e saiu da sala.

    Jorge sorriu para dentro … sim … o seu pai fora um homem com um grande espirito de inciativa … trabalhou toda a sua vida … afinal … acabou por deixar a casa … a horta … na aldeia … tudo abandonado …

    O seu pai … … a aldeia … … porque näo ?!?

MARIA !

    A cabeça da sua esposa apareceu na porta entreaberta.

Chamaste-me?

Vem cá … acabas de me dar uma grande ideia.

Eu ?!? O que é que eu disse !?!

Mencionaste o nome do meu pai … isso fez-me acender a minha luz interior … e se formos passar o mes de agosto ás Sarzedas? A casa do meu pai?

    Maria ficou uns segundos pensativa.

Estará em condiçöes para os pequenos?

Sim. Lembra-te que eu estive la há umas semanas a procurar uns papeis? A casa está muito bem … apenas necesita de uma limpeza … nada mais …

E tem agua e luz?

Claro que sim … nunca as mandei cortar.

Pode ser uma boa ideia … mas prepara-te para uma feroz oposiçäo por parte dos nossos filhos.

    Maria tinha razäo. Jorge teve muitas dificuldades ao tentar “vender” a ideia.

    A Manuela, 14 anos e a Julio, de 12, näo encontraram muita graça na ideia de passar um mes inteiro numa aldeia de pouco mais de 800 habitantes e numa casa de pedra …

    Jorge usou todo o seu poder de argumentaçäo …

Tranquilos … pensem um pouco … näo haverá a confusäo da praia … respira-se ar puro … lembrem-se que Sarzedas está em plena serra …

Jorge … a horta do teu pai ainda tem o tanque de agua?

    Jorge abriu mais os olhos …

É verdade! Se o mando pintar … dará uma mini piscina …

    Pela primeira vez sentiu a cara da sua filha mudar … Julio parecia mais renitente … olhou para o pai:

E a casa tem internet?

De momento näo … mas eu comprometo-me a mandar instalar um wifi, quando chegar o momento …

Olha, Julito … — falava Manuela — podia ser interessante … eu tenho a minha piscina … tu tens a tua internet … porque näo ?!

    Para alivio de Jorge e Maria, por fim, a familia estava de acordo.

    Limpar os acessos á casa, a horta, e pintar o tanque … custaría umas centenas de euros … mas, na totalidade, as ferias seriam um investimento muito menor que em outros anos.

    Além disso, Sarzedas estava a 20 km de Castelo Branco … mais ou menos uns 20 minutos de casa.


                                    --------//--------


    Finalmente chegou o grande dia.

    Todos os anos, o primeiro de agosto era sinonimo de excitaçäo … nervos … frenesim … e, claro, quilómetros e quilómetros de viagem … que este ano, seria curta.

Papá!

Diz-me, Julito — falava enquanto conduzia.

A casa do avô sempre foi da nossa familia?

Sim. A casa foi construida pelo teu quinto-avô … e todos sempre viveram lá. — olhou sonridente para Maria sentada ao seu lado.

    Manuela viu a oportunidade de assustar o seu irmäo.

E lá morreram todos — olhou para a janela, divertida.

Todos ?!!!!

Sim, Julito … bem … todos menos o teu quatro-avô, Oscar …

E o que é aconteceu com ele?

Ninguem sabe … um dia, simplesmente, desapareceu … e nunca mais voltou …

    A conversa parou ao passar o chafariz, do lado esquerdo da estrada … estavam a chegar.

    A rua de Säo Pedro, ao cimo da qual se encontrava a casa, estava logo á entrada da aldeia … mas era muito estreita, ingrime e tinha dois sentidos …

    Jorge preferia sempre atravessar toda a povoaçäo e subir por outra rua … mais curta … e que ia direita á capela de Säo Pedro … a casa estava mesmo ao lado.

    Manuela e Julio conheciam bem o local, tinham visitado o avô em varias ocasiöes.

    Ficaram surpreendidos com quäo limpa e organizada estava a casa …

Até parece que continua a viver aquí alguen, mamä …

Bem … eu e o teu pai viemos um par de veces, nas últimas semanas para ter tudo pronto para vocês.

Filhos … há um quarto livre no andar de cima e outro aquí … podem escolher …

Quero o de cima — Manuela sempre se antecipava, coisa que irritava o irmäo.

E porque tens de decidir tu?!

    Manuela olhou o irmäo com un certo ar de superioridade.

Porque sou a mais velha … Parece-te suficiente?!

    Julio encolheu os ombros e dirigiu-se ao quarto que estava ao final do corredor.

    Abriu a porta … era grande … gostou de imediato.

    Sentou-se na cama … pareceu-lhe muito confortavel …

    Desde aquela posiçäo foi vendo todos os pormenores … sempre o tinham impressionado as enormes janelas daquela casa … entrava muita luz … de noite, fechavam-se com umas altas portas de madeira … por dentro … segurança total.

    A outra parede tinha duas portas … uma näo chegava ao chäo.

    Abriu a primeira … tinha uns armários e um roupeiro …

    Tentou abrir a mais pequena … mas estava fechada … á chave …

    Que estranho … que haveria do outro lado? Outro armario ? … e … porque estava fechada?! …

MENINOS! Venham!

    Em menos de um minuto estavam todos no saläo grande.

Vamos mostrar-vos como está a horta … e de volta passamos pelo supermercado … temos que cozinhar …

    O terreno estava mais ou menos a um quilómetro da aldeia … foram de carro … mas podia-se perfeitamente ir a pé …

Todos ficaram encantados com o simpatico espaço onde näo faltava um poço de agua … uma enorme laranjeira ... muitas oliveiras e figueiras … e, claro … o tanque …

Manuela estava maravilhada com a sua pequena piscina …

    Julio mantinha-se algo distante … aquela janela fechada näo lhe saia da cabeça … ao pai isso näo passou desapercebido.

Julito … o que se passa contigo ?! — passou-lhe o braço pelos ombros — näo estás a gostar do que vês?

Sim, papá … estou a gostar muito da horta e da casa …

Entäo o que é que te preocupa?

No meu quarto há uma janela, ou uma pequena porta … mas está fechada á chave … sabes porquê ?!!!

Ah! Sim … já nem me lembrava dessa meia porta … sempre esteve aí … e sempre esteve fechada … pelo menos desde que me lembro … näo te preocupes com isso … disfruta das ferias …

Obrigado, papá … assim farei …


                                -----//-----


    Aquela tarde, depois de almoçar, os seus pais decidiram subir ao quarto para descansar um pouco.

    Manuela fez o mesmo, olhando o seu telemovel …

    Julio tinha a sua tablet … mas decidiu aproveitar o tempo para explorar um pouco o resto da casa.

    A grande sala, tinha um pequeno anexo … näo tinha portas … só umas grandes cortinas que escondiam o seu interior.

    Para Julio, aquilo era um convite.

    Entrou e, maravilhado, encontrou um grande conjunto de livros … havia muitissimos …

    Ele gostava muito de ler … tocou alguns … quase todos eram muito antigos …

    Interessavam-lhe as historias de misterios … enigmas …

    Um livro, em particular, com uma encadernaçäo especialmente bonita chamou a sua atençäo … o CONDE DE MONTE CRISTO de ALEXANDRE DUMÁS … já tinha ouvido falar, no liceu, daquele autor …

    Ao abrir o livro algo caiu na carpete que cobria o chäo … olhou atentamente … parecia uma chave … guardou-a no bolso das calças … mais tarde a daria ao seu pai.

    Regressou ao quarto com aquele livro debaixo do braço … iria ler um pouco e esperar que todos acordassem.

    Ia pela terceira pagina quando, de repente, teve uma ideia.

    E se a chave que encontrou na biblioteca pudesse abrir a porta misteriosa?

    Tirou-a do bolso e aproximou-se …

    Parecia pequena para aquela fechadura …

    Como chave era estranha … sem dentes, relevos ou desenhos …

    Introduziu-a na abertura … näo entrava … pressionou um pouco … näo parecia servir … seria de qualquer outra porta …

    Decidiu desistir e continuar com a sua leitura …

    Mas agora a chave näo saía … estava presa …

    De repente, e sem qualquer acçäo por parte de Julio a chave desapareceu na fechadura … com um click … a porta abriu-se uns milimetros …

    Julio abriu os olhos com entusiasmo … iria saber o que escondia aquela porta …

    Pouco a pouco foi abrindo …

    Näo era nada do que tinha imaginado … täo somente … era um espelho … afastou-se um pouco …

    Porque um velho e simples espelho estava fechado e tapado com uma porta?

    Tudo aquilo era do mais estranho …

    Mas aquele espelho tinha algo de anormal … colocou-se na frente dele … mas a sua imagem näo apareceu reflectida … e agora tambem reparava … o quarto tambem näo se via nele … mais parecia uma janela ao exterior … mas isso era impossivel … do outro lado da parede estava o corredor interior …

    Näo conseguia compreender … tambem parecia que a superficie näo era totalmente lisa … tocou-lhe com a mäo … inacreditavelmente os seus dedos penetraram por aquela superficie … pos as duas mäos … igual …

    Poderia meter a cabeça e olhar ?!! … sentiu medo … instintivamente fechou a porta.

    Tinha que contar a alguem …

    Os seus pai seguramente fechariam a porta e ficariam com a chave …

    Contaria a Manuela … sim … podia confiar na sua irmä …

    Na sua cabeça havia uma luta intensa entre a curiosidade de olhar e o medo pelo que fosse encontrar …

    A curiosidade foi mais forte.


                                -------//-------


    Poquito a poco meteu a cabeça … abriu os olhos … via-se uma igreja pequena … a poucos metros … sentiu ar fresco na cara … tudo muito tranquilo … tirou a cabeça … näo parecia ser muito perigoso … ainda sem comprender como, assumia de que era uma janela … pois ele iria ao outro lado …

    Pôs uma cadeira debaixo … subiu … respirou fundo … e passou …

    Olhou com atençäo por onde saía … uma grande arvore … oca …

    Estava tudo muito escuro … só se ouvia o vento a descer pela serra …

    De repente sentiu vozes … instintivamente escondeu-se entre o mato … aproximavam-se dois homens … iam conversando … passaram muito perto dele … continuaram sem parar descendo a rua …

    Julio respirou … mas algo chamou a sua atençäo … que estranha forma de vestir tinham aqueles homens …

    Näo quis arriscar mais e voltou ao seu quarto …

    Tinha que contar tudo a sua irmä.

    Subiu as escadas de duas em duas e tentou bater suavemente na porta do quarto dela … Manuela abriu a porta …

Que queres?

Tenho que te mostrar uma coisa … anda !

    Ela olhou para ele intrigada, mas notou que era importante … dispos-se a segui-lo.

Espera … pöe um kispo.

Vamos á rua?!!

Mais ou menos … Vem!

    Já no quarto de baixo Julio contou-lhe tudo, entre o ar de incredubilidade dela e alguns sorrisos …

    Mas a expressäo de duvida de Manuela desvaneceu-se por completo quando ele afastou a porta de madeira e o “espelho” apareceu na sua frente …

E podemos ir ao outro lado?!

Claro que sim … por isso te disse que trouxesses o kispo?

    A paisagem estava igual como a deixara Julio minutos antes ...

Olha, Julio … esta é a igreja de Säo Pedro … a que está ao lado da casa do avô …

Mas a igreja de Säo Pedro é velha e esta é nova …

É a mesma … mas esta parece que a pintaram á pouco …

E essa é a rua por onde desceram os dois homens.

Curioso Julio … essa é a rua de Säo Pedro … olha … aí está a casa do avô …

E onde estäo as outras casas?

Näo estäo … ainda näo …

Como é que ainda näo ?!? Näo entendo nada !!!

Estamos no passado … näo sei exactamente em que ano … regressemos a casa … voltamos amanhä quando for de dia.

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    Näo foi facil convencer os seus pais de que naquela manhä os dois queriam ficar em casa.

Vamos lá a ver … eu e a vossa mäe temos que ir ao cemiterio … depois passaremos pela Casa do Povo … estávamos a pensar deixar-vos na horta … o que quereis fazer em casa ?!!

Eu estou a seguir uma serie em Netflix … — olhou para o irmäo …

E eu estou a ler um livro muito interesante que encontrei na biblioteca … O CONDE DE MONTE CRISTO …

    Jorge olhou para a sua esposa … ela fez-lhe um gesto cumplice com a cabeça …

Ok. Entäo … divirtam-se.

    Esperaram até que os seus pais saissem … depois correram para o quarto do Julio.

    Com a luz do sol tudo se via de uma maneira diferente … desceram pela rua … encontraram um ambiente humano inesperado … parecia um mercado … uma feira … havia muita gente … falavam … gritavam …

Tens razäo, Nela … esta gente veste-se de uma maneira muito antiga … nem os avós se vestiam assim …

ABRAM ALAS! — alguém gritou.

    Aproximava-se um carro de cavalos …

    As pessoas começaram a murmurar …

O alcaide … vem o alcaide …

    De repente uns braços delgados abraçaram-os por trás e fizeram-os entrar numa casa.

shiuuu! Näo tenham medo … neste momento näo é seguro que dois meninos täo pequenos estejam aí fora …

    Era uma mulher de meia idade … parecia amavel …

Sou Isabel … e vocês ?! Quem sois ?!! E porque estais vestidos dessa maneira?!

    Julio ia responder, mas Manuela adiantou-se.

Eu sou Manuela e ele é Julio … näo somos daqui … estamos de passagem …

E os vossos país, estäo na feira?!

Sim. Sim. Estäo … quem é o alcaide?

Oscar Ribeiro … já leva alguns anos no cargo.

Ribeiro ?!!! — Julio ia a falar mas mais uma vez a sua irmä o fez calar.

E porque lhe chamam alcaide? Sarzedas é uma freguesia … quanto muito seria Presidente de Junta de Freguesia.

    A mulher olhou para ela muito seria.

É verdade, jovenzita … mas näo te esqueças que até ao ano passado eramos sede de concelho … do nosso concelho …

E que aconteceu?

Pois … aconteceu que a nossa rainha — fez uma venia ironica — roubou-nos esse titulo … esse titulo foi nosso durante mais de 600 anos … Oscar era, entäo, o alcaide … agora é o que disseste … presidente de … isso … mas continuamos a chamar-lhe alcaide.

    Manuela parecia muito interessada na conversa.

E como pessoa … como é?

É um pouco estranho … tem muitas ideias … algumas näo as compreendo … com outras näo estou de acordo … mas tem sido muito bom para o povo … é bom homem …

Manuela fez um sinal ao irmäo.

Temos que ir.

    Antes que Isabel pudesse reaccionar sairam os dois correndo … subiram a dificil rua de pedra sem parar … encontraram a grande arvore … voltaram a casa.

Incrivel — para Manuela ainda era dificil controlar a respiraçäo.

Näo compreendi nem a metade do que disseram.

Mas eu sim … já te explicarei …

MENINOS! Já estamos em casa!

Perfeito. Vamos a falar com o papá.

Nelita. Vais-lhe contar?!!!

Näo !!! Tu sigue-me o ritmo.

    Julio foi para o saläo … o pai Jorge descansava no sofá.

    Manuela subiu ao seu quarto e desceu de imediato trazendo un bloco de apontamentos y uma esferográfica.

Que se passa? — Jorge estava admirado — Vais-me fazer uma entrevista ?!!

No, papá — riram-se todos — mas tenho algumas preguntas para ti …

Ui !!! Que emocionante … dispara !!!

Sarzedas sempre foi freguesia?

    Jorge estranhou a pregunta … mas respondeu encantado.

Náäo. Sarzedas chegou a ser muito importante noutros tempos. Entre 1212 e 1836, foi sede do seu proprio concelho.

E porque deixou de o ser?

Deciso da entäo rainha D.Maria, já näo sei se I ou II … de certeza que mal aconselhada pelos seus acessores incluiu a aldeia como freguesia no concelho de Castelo Branco.

Ultima pregunta … o nome da nossa familia sempre foi Ribeiro?

Sim. É uma familia muito antiga. Porquê?

Simples curiosidade, papá … muito obrigada — levantou-se — vem, Julito.

    Sairam os dois a correr deixando o pai ainda mais surpreendido … agradavelmente surpreendido …

    Já no quarto de Julio, Manuela parecía muito entusiasmada …

Já podemos tirar conclusöes …

Pois eu sigo sem comprender.

Tranquilo, irmäozito … sabes que historia é a minha disciplina favorita … olha … o pai contou que Sarzedas perdeu o seu titulo en 1836, verdade ?!!!

Sim.

ok. Do outro lado, Isabel, a mulher da feira, comentou que isso tinha acontecido o ano passado … logo … do outro lado da janela estamos em 1837 …

Por isso se vestem todos daquela maneira …

E ouviste o pai dizer que o nome da familia sempre foi Ribeiro?

Sim …

Lembras-te tambem que, durante a viagem para cá, o papá falou de um parente que tinha desaparecido ha muitos anos?

Sim … mas já näo me lembro do nome …

Oscar … papá disse que se chamava Oscar …

E o alcaide chama-se Oscar Ribeiro … …

Exacto, Julito …

O nosso parente desaparecido será o alcaide?

Talvez … temos que conseguir falar com ele …

Amanhä de manhä voltamos lá.

    Para os dois jovens, mas principalmente para Julio, o resto do dia passou penosamente lento … olhavam repetidas vezes o relogio … e, para surpresa dos seus pais, foram para a cama muito cedo.


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    Ainda näo eram as 8 da manhä quando Manuela bateu levemente na porta do quarto de Julio.

    O irmäo já estava pronto … ambos vestiam roupa escura para passar mais despercebidos.

    Do outro lado estava ainda mais fresco do que no dia anterior …

    Desceram a rua … desta vez estava deserta … a porta de Isabel estava fechada … era de tabuas de madeira …

    Julio tentou espreitar pelas fisgas … näo se via ninguem dentro … tentou empurrar … entäo sentiu uma mäo forte agarrar-lhe no ombro.

Qual é a ideia … ranhoso ?!? Roubar ?!?

Näo. Näo. Estava a ver se Isabel estava em casa.

    Entäo Julio deu-se conta de que eram tres homens, enormes … e que um deles agarrava tambem a sua irmä.

Estais presos … sabéis o que fazemos, aquí nas Sarzedas, aos ladröes? — Julio näo conseguia articular palavra — a forca !! … vamos …

    Com violencia arrastraram-os pela rua Nuno Alvares.

    Chegaram a um largo, com um pelourinho … aí se enforcavam os que näo cumpriam a lei.

Esperai! Queremos falar com o alcaide.

E tu achas que o alcaide tem tempo para perder com dois ladröes ranhosos?

Näo somos ladröes … nem ranhosos … — era a primeira vez que falava Manuela — somos da familia do alcaide.

    Mas os homens riram-se alto ao mesmo tempo que punham o nó corredisso a vólta dos seus pescoços.

Eu sou Manuela Ribeiro e ele é o meu irmäo Julio Ribeiro … somos familia de Oscar Ribeiro, o alcaide … se näo o informam da nossa presença aquí ele näo vos perdoará … nunca!

    A voz firme de Manuela fez parar os homens … agora olhavam uns para os outros …

    Um deles aproximou-se de uma casa, no mesmo largo … deu dois murros na porta … depois deu um passo atrás, olhou para a varanda e gritou:

Alcaide. Alcaide!

    Entretanto tinham-se juntado umas 50 pessoas alertadas pela situaçäo.

    Na varanda apareceu Oscar Ribeiro.

O que se passa ?!!? Que há assim de täo urgente a esta hora ?!!? — depois olhou para o pelourinho — quem säo esses pequenos ?!!? e porque os quereis enforcar ?!!?

Apanhámo-los a roubar, alcaide.

E porque me incomodais ?!!?

Por que dizem que o seu apelido é Ribeiro e que säo da sua familia.

Näo creio … mas esperai … já vou aí.

    Poucos minutos depois Oscar apareceu … dirigiu-se ao mastro de pedra … deu uma volta olhando …

Näo vos conheço. Quem sois ¿?!

Eu sou Manuela e ele Julio … tu és o nosso quatro avô …

E como é possivel ?!?

    Manuela baixou um pouco a voz.

Saimos pela mesma janela que tu.

    A cara do alcaide alterou-se instantaneamente … olhou para eles muito serio … depois voltou-se para os tres homens.

Tirem-lhes a corda, vou reunir-me com eles na minha casa.

Como o senhor mande, alcaide.

    Entraram em casa e antes de fechar a porta, Oscar dirijiu-se de novo aos homens.

Dispersem esta gente … aquí já näo há nada para ver.

Esperamos por eles?

Näo. Continuai a ronda … eu encarrego-me deles.

    Passaram á sala.

Sentem-se. Contem-me a historia da janela … ainda continua lá ?!!?

Sim. Foi por lá que saímos.

Eu descobri a chave — Julio já conseguia falar.

Chave?!!?

Sim. Puseram uma porta por dentro com fechadura … assim esteve muitos anos … isso disse-me o meu pai …

O vosso pai … a que ano pertenceis?

2022

    Oscar abriu muito os olhos …

2022 ?!!? Ou seja !!! os meus pais … os meus irmäos … já morreram — o seu olhar entristeceu-se.

Porque ficaste aquí ?

Quando quis regressar a arvore näo me deu acesso … alguem a fechou …

Quem ?!

Tenho uma ideia … mas já näo importa … refiz a minha vida aquí … casei … tenho filhos … um pouco mais velhos que vocês …

E como chegaste a alcaide?

Quando fiquei aquí havia uma diferença de uns 100 anos a menos … servi-me dos conhecimentos que tinha do futuro daqui para exercer influencia … tinha vantagem … usei-a .

    Julio levantou-se, correu para ele e abraçou-o.

Agora podes voltar connosco.

    Oscar devolveu-lhe o abraço … manteve-se uns momentos em silencio … depois fez um sinal a Manuela para que se aproximasse …

    Com os dois miudos sentados, um em cada joelho suspirou …

Näo. Näo vou voltar … näo posso …

Porquê ?!!!

Olha, Julio … passaram já muitos anos … todos os meus já morreram … o mundo que eu deixei já näo está … já näo pertenço aí …

Compreendo-te — Manuela recostou-se no seu peito …

E, além disso, tenho a minha familia aquí.

    Voltou o silencio.

Oiçam, meninos … vou pedir-vos uma coisa …

Diz.

Quero que voltem á vossa realidade … que fechem de novo a janela … que ninguém, nunca mais, passe através dela … quero que me prometam isso … agora!

Ok. Assim faremos.

Vamos. Acompanho-vos até á arvore.

    Caminharam em silencio … ninguem se cruzou com eles … ao lado da arvore ajoelhou-se e abraçou-os de novo.

Que vos corra tudo bem na vida, pequenos — estava emocionado — foi um prazer conhecer-vos.

Näo queres entrar? Só para dar uma vista de olhos ?

    Oscar duvidou um pouco … mas decidiu.

É melhor näo … vamos … ide …


    A primeira coisa de que se deram conta ao voltar ao quarto de Julio foi o som de chamada do telemovel da Manuela.

Si?! Mamä ?!!! Estamos em casa … depois contamos … ok … desculpa …

Que se passa, mana?!

Papá e mamä estäo aflitos, a nossa procura …

    Julio olhou para o pequeno relogio na mesinha de cabeceira … 11.30h … os seus pais estavam preocupados desde as 8.30h …

Nelita … contamos-lhes quando chegarem?

Näo sei se é boa ideia … penso que o melhor será voltar a fechar a janela e esconder a chave …

    Julio levantou-se e fechou a porta de madeira. c

Vem, Nelita … vamos deixar a chave onde a encontrei.

    Saiam da bibloteca quando chegaram Jorge e Maria.

O que vos aconteceu? Estávamos muito preocupados …

Por favor desculpem … fomos á serra muito cedo para ver as plantas …

    Uma vez mais Manuela tomava a iniciativa …

Sem nos dizer nada?!

Vocês ainda estavam a dormir … näo quisemos fazer barulho … desculpem … perdemos a noçäo do tempo …

    Julio correu a abraçar os pais …

Nem imaginam as coisas lindas que vimos …

    Manuela foi-se aproximando e juntou-se ao abraço de familia … o segredo estava protegido … assim se manteria a janela oculta.


                        Fim (näo bem)


    Neste relato quis, no fundo, prestar uma singela homenagem á aldeia de Sarzedas … outrora sede do seu proprio concelho e hoje como querendo renascer da sua quase desapariçäo nos anos 70.

    O aumento populacional e social teve que ver com a instalaçäo do fornecimento de energia electrica e de agua canalizada, o que se deveu a acçäo do meu falecido pai (um Ribeiro) juntamente com outras pessoas.

    A historia em si é ficçäo, as datas e momentos säo reais no seu enquadramento historico.

    O alcaide (assim se chamava antes) Oscar Ribeiro nunca existiu … a familia Ribeiro sim … eram os meus avós … a casa grande de pedra ao lado da capela de Säo Pedro näo existe … a igreja sim.

    Uns anos depois o pelourinho foi destruido … mais tarde ergueram outro no mesmo sitio e utilizando tres blocos de pedra que tinham pertencido ao original.

    Sarzedas, está hoje incluida no roteiro das aldeias do Xisto.


                    Fim ( agora sim )

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O FIM ... OU ... O PRINCÍPIO ?! - jorge peres - 81

                                  O FIM … OU O PRINCÍPIO …      Fechei um dos olhos … com o outro tentei alinhar a pistola c...